Primeira visita ao médico


Há cerca de um mês estou com uma dor nas costas horrível. Começou na região do ombro e ao longo do tempo "subiu" e agora dói o pescoço, sobretudo a parte superior dele.

Eu odeio médico. Para mim ir ao médico significa muita dor e incapacidade de acabar com ela eu mesma. A última vez que eu tinha ido ao médico foi no Brasil no começo de 2010 porque depois de lutar sozinha 10 dias contra uma gripe/virose/amigdalite braba a danada acabou com meu ouvido. Quando resolvi ir ao médico estava a um passo de ter que perfurar o tímpano tamanho era o estrago. Enfim, por isso quando a dor começou eu estava certa que resolveria com relaxante muscular, anti inflamatório contrabandeado do Brasil, compressa e banho quente. Bem, quatro semana depois não tinha melhorado. De tudo a única coisa que fez cosquinha foi o anti-inflamatório, mas ele acabou.

Dai me restaram três alternativas: conviver com a dor, ir ao chiro ou ir ao médico. Eu estava cansada de conviver com a dor e meu plano de saúde que paga parte do chiro só vai valer a partir do mês que vem então me sobrou o médico.

O médico... Um senhor que eu já não gostava de visitar. E cuja ojeriza só foi agravada pelos relatos de esperas intermináveis que resultavam em receitas de tylenol e exames marcados para o ano de 2064.

Mas, enfim, tava doendo, né?

Ontem aproveitei que não estou trabalhando essa semana e que eu tinha um almoço com amigos no prédio do Delta no boul. Laurier onde tem uma clínica de médicina familiar. Respirei fundo e fui.

Cheguei lá por volta das 17h. Tinha umas 4 ou 5 pessoas na sala de espera. Me sentei pensando que médicos aqui deveriam ser mutantes. No Brasil uma sala de espera de 5 pessoas resultaria de uma espera máxima de 25 minutos porque ultimamente não via médico ficar mais de 5mn com o paciente. Mas, os relatos aqui eram de esperas intermináveis. Então os médicos daqui deveriam ficar uma hora com cada paciente e eu esperaria 5 horas.

Tudo bem, eu trouxe um livro!

Menos de 10mn depois me chamam. Como assim? Já? Cadê a espera que me prometeram? Ah, é a enfermeira fazendo triagem. Tá explicado. Como estou com dor no pescoço e sem febre (logo não é meningite) vão passar todas as crianças espirrando que chegarem na minha frente. É por isso que vai demorar 3644673 horas até que eu seja atendida pelo médico.

Bem, fui lá relatar minhas dores à super atenciosa enfermeira. Ela me fez um milhão de perguntas, anotou tudinho e verificou minha pressão. O que eu achei mais legal foi que ela me assegurou que eu tinha feito a coisa certa em procurar o médico. Porque na minha cabeça anti-médico dor no pescoço pode doer mas não é doença. Entende? Eu acho que estava esperando alguém mandar eu ir para casa continuar tomando tylenol e não ficar ocupando lugar na fila do povo realmente doente.

De volta à sala de espera depois de uns 15mn com a enfermeira. Se fosse no Brasil depois de eu ter dito isso tudo à enfermeira tenho certeza que eu iria entrar no consultório 1 minuto, o tempo do médico me entregar a receita que ele já teria feito com base nessas informações. (pausa para explicar: eu tinha médicos ótimos no Brasil que podiam fazer consultas completas. Mas, quando eu ia em médico desconhecido, sobretudo os mais novos, a consulta era relâmpago. Exemplo: em 2010 quando fui por conta do meu ouvido eu verifiquei no relógio. A consulta demorou exatos 6 minutos). Estava ansiosa para saber como as coisas iam se desenrolar por aqui.

E não é que menos de 10mn depois de eu ter saído da triagem me chamam de novo. Como assim? Cadê minha espera de 384655784 horas? Quando vou conseguir ler meu livro que peguei na biblioteca e carreguei até lá? Acho que vou processar o governo do Québec por propaganda enganosa.

Enfim, guardei o livro não lido e me resignei. Vamos ver o tal médico.

E o médico era um senhor de seus 50 anos, franzino, com a maior cara de médico do mundo. Sabem aqueles médicos de cidade de interior em filmes de hollywood? Era ele! Igualzinho.

Muito simpático ele confirmava o que eu já havia dito à enfermeira. Fez testes de reflexos. Apertou minha coluna toda para saber onde doía. Disse o que ele acreditava ser o problema e.... prescreveu um raio-x e anti-inflamatórios. Isso tudo durou uns bons 20 minutos.

Acho que achei meu médico ideal: não tive espera, tem cara de médico de verdade, é simpático e ainda receitou algo diferente de tylenol e advil. 

- Dr. o sr. tem vaga para ser meu médico de família? 

Claro que não né gente. Pelo menos com relação a isso a lenda estava correta.


****

O raio-x devo fazer na clinique St-Louis e segundo o médico como é sans rendez-vous é só chegar lá e fazer. Se a preguiça permitir eu vou hoje mesmo e coloco um update dizendo se consegui fazer logo ou se vão apenas marcar para 2058.

Tempo total entre chegada na clínica e saída: 1 hora.

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4 Response to "Primeira visita ao médico"

  1. Unknown says:
    23 de novembro de 2011 às 07:37

    Que bom que deu tudo certo! Mas se a dor persistir após os anti inflamatórios(espero que não),não exite em procurar um chiro,eu exitei,tive dores indo e vindo por mais de um ano e aqui fui a uma chiro, numa consulta,sem remédios passou a dor,isso tem quase 2 meses!! :) Bjs e melhoras!

  2. Sara says:
    23 de novembro de 2011 às 10:23

    Que ótimo!Tenho preocupações em relação a saúde e a minha coluna tb que está péssima!
    Foi bom ler esse post e saber sobre esse tal "médico franzino".Heheheh
    bjs e melhoras para ti!!!!

  3. petuniaemarcia says:
    23 de novembro de 2011 às 10:59

    A lenda eh correta em Pronto socorro( la da para ler o livro todo, acredite)
    Em clinica sem rendez-vous, eh assim mesmo.
    Nao queira ir ao Pronto socorro com apenas uma dor nas costas...enquanto o sangue nao sair nao sera chamada... ahahahaha.
    Espero que vc melhore Manu.

  4. Manuela Zaccara says:
    23 de novembro de 2011 às 11:09

    Mas, marcinha, para que ir no pronto socorro por uma dor nas costas se tem a clinica?

    Enfim, eu posso ter dado uma baita sorte mas achei tudo tranquilo. Vamos ver o que acontece amanha com o raio x (porque hoje eu estou sem o menor saco de sair)