Visita ao otorrino

E, hoje, menos de 5 dias depois de minha consulta com o clinico geral eu fui ao otorrino.

A consulta foi no Hôtel Dieu de Québec que fica no vieux-Québec. Local lindo, mas não o mais legal para estacionar. Mas, como hoje é meu dia de sorte consegui uma vaga bem em frente ao hospital. Menos sorte foi ter 3 dólares solenemente ignorados pelo parquímetro porque eu, sem perceber, coloquei as moedas novas que não são aceitas pelas maquinas. Mas, enfim, vamos ao que interessa.

Chegando no hospital me dirigi a um guichê onde fiz a carteirinha do hospital. Não tinha ideia que precisava de uma... Em seguida me dirigi à área reservada ao otorrino e me apresentei na recepção  Nesse momento vi que meu nome havia sido acrescentado (manuscrito) na lista de consultas agendadas para o dia. Deduzo que eu tenha beneficiado de um "encaixe" e por essa razão minha consulta foi marcada em tao pouco tempo.

Ainda eram 9h40 e minha consulta estava agendada para às 10h35 então me preparei para esperar um pouco. Mas, pouco antes da hora marcada, as 10h20 fui chamada para entrar no consultório médico. Cinco minutos depois eu me despedia de meu algodão de estimação.

Tudo resolvido voltei para casa a tempo de almoçar e ir trabalhar no período da tarde.

***

No caminho eu escutava o radio e passava a propaganda de uma clinica particular. Não me recordo o nome da clinica, mas ficava na Place Ste-Foy se não me engano. A propaganda dizia que agora era possível marcar uma consulta no horário que lhe fosse conveniente e assim não faltar trabalho ou se atrasar para pegar as crianças na escola.


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Indo (de novo) ao médico em Québec

Em dois anos e meio é a segunda vez que vou ao médico em Québec. Como sempre, vou preparada para o pior. Afinal, todo mundo só tem historias pavorosas para contar, não é mesmo?

Mas, como sou do contra, vou contar, mais uma vez, uma historia com um final feliz.

***

Sexta-feira passada resolvi ir tomar um café no starbucks. Pouco depois de chegar lá notei que o gânglio que fica ao lado de meu maxilar estava muito inchado e dolorido. Eu não sou da área de saúde, mas tinha uma vaga impressão que gânglio inchado significa que o organismo reagindo à alguma doença. E, no fim de semana minhas suspeitas foram confirmadas. Fiquei um pouco mole, a região do gânglio ficou quente e muito dolorida. Na segunda-feira meu ouvido começou a doer um pouco. Como sou Phd em amigdalite eu imaginei que uma crise bem linda estava chegando. E, como da última vez que tive uma crise de amigdalite cumulada com dor de ouvido a coisa foi bem feia eu resolvi encarar o sistema de saúde québecois mais uma vez.

Assim, na quarta-feira, depois do trabalho, fui à clínica Laurier, onde eu tinha ido na minha outra única experiência com o sistema de saúde daqui. Cheguei lá por volta das 17h. Tinha uma pessoa em minha frente. Exatos 15mn depois de chegar fui chamada para a pré-consulta com a enfermeira. Problema contado, pressão, temperatura e batimentos cardíacos checados. Volto para a sala de espera. Mais 15mn e a médica me chama.

Dessa vez não foi o médico-com-cara-de-médico-de-interior-de-filme-americano que me atendeu. Foi uma médica novinha. O veredicto foi que um pedaço do algodão do cotonete ficou preso no fundo do meu ouvido e quando eu limpei de novo ele foi mais para o fundo ainda. E é ele que esta causando esse furdunço todo no meu sistema imunológico. Tem que tirar. Obvio. Só que ele está bem fundo e a médica não tinha a pinça adequada. Teria que ser em um ORL. OR o que Doutora? ORL é como eles chamam o otorrino aqui. Ah. Aprendi mais uma palavra. Aliás, duas. Porque descobri que em québecois algodão se diz ouate.

Mas, e agora? Otorrino é um especialista. E todo mundo sabe que é mais fácil ver enterro de anão do que ter consulta em um especialista no Québec. Não é? Mas, o que fazer... Se é o jeito, vamos lá.

Então perguntei à Dra. como eu faria para ver um ORL aqui. Ela disse que ela mesmo iria encaminhar meu dossier ao especialista e o consultório dele iria me telefonar para informar a data da consulta. Nesse momento eu meio que desesperei. Já meu vi com o pedaço de algodão podre dentro do ouvido por meses a fio. A dor chegando. A orelha inflamada e vermelha. Questionei a Dra. sobre o que fazer se piorasse ou se a consulta demorasse. Ela me disse que se não me ligassem logo eu deveria voltar a vê-la que ela tentaria adiantar. Se doesse ou se eu tivesse febre deveria voltar também. E, claro, tomar tylenol e advil.

Muito desconfiada e bem preocupada voltei para casa, rezei e tomei um tylenol. Não necessariamente nessa ordem.

No dia seguinte, por volta do meio-dia, meu telefone tocou. Eu não vi a ligação, mas havia uma mensagem em minha caixa postal: a clínica St-Louis havia me ligado. Retornei a ligação me recriminando por ter duvidado da eficácia do sistema quebecois. Mas, infelizmente, não era para me informar o dia da consulta. Era para dizer que meu pedido de consulta foi encaminhado para o hospital Hotel Dieu e que eles iriam me ligar. E se eu não tivesse notícias em 10 dias eu deveria ligar para a clínica. Novo ataque de desespero. Questiono a enfermeira sobre quanto tempo levaria para ser atendida e o que eu faria se demorasse. Ela disse que eu poderia tentar ligar para as clínicas que tem otorrino e tentar marcar. E, se nos 10 dias eu não tivesse noticias do hospital, ela poderia tomar medidas, digamos, mais drásticas.

E ai comecei a pensar novamente em todas aquelas historias de terror sobre o sistema de saúde daqui.

Sexta-feira de manhã. O medo de ter um algodão de estimação pelos próximos meses me fez tentar marcar uma consulta em alguma clínica. Vai que eu conseguia algo rápido. Melhor tentar. E assim liguei para a primeira da lista. Depois de um breve bate-papo com a (grossa) da recepcionista fui informada que só tinha vaga para dia 31 de outubro. Sem possibilidades de encaixe. Deixei para lá. Achei melhor ver se o hospital me ligava, como prometido.

E... Não é que pouco depois do meio-dia eu recebo um telefonema do hospital! Marcando minha consulta com o médico especialista para segunda-feira de manhã, menos de 5 dias depois de minha ida ao clinico geral.

E é por isso, caros amigos de imigração, que eu não posso reclamar, pelo menos até agora, do sistema de saúde do Québec. Não sei se sou sortuda ou apenas se de uma forma ou de outra pego o caminho certo dentro das possibilidades que o sistema oferece. Só sei que "so far, so good".

Segunda-feira tento postar como foi a consulta com o especialista.


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Passo-a-passo do concurso para o governo do Québec: tipos de prova

Como eu disse no ultimo post, se sua candidatura ao concurso foi admitida, você receberá uma carta na qual consta o local, data e hora da prova. Nessa mesma oportunidade é informado quais provas serão feitas. 

Até agora eu fiz uns sete concursos para o Governo do Québec e Revenu Québec. Alguns pediam o segundo grau, outros nível superior em direito. Todos eles seguiram o que vou colocar abaixo. No entanto, não sei se a metodologia é a mesma para todos os concursos disponíveis.

Então, nos concursos que fiz, ao contrário do que acontece no Brasil as provas não foram de conhecimento, mas sim de competência. Isso significa que, por exemplo, no concurso para o cargo de agent de recherche que pede nível superior em direito a prova não é sobre a legislação local. Nada de estudar direito constitucional, penal e civil. No lugar disso são aplicadas um dos tipos de prova indicadas no site carrières. Se não me falha a memória fiz uma prova chamada habilités professionnelles na qual devemos indicar qual atitude tomar em determinas situações referentes à relações inter-pessoais no trabalho. Por exemplo: você está realizando um trabalho em equipe. Um dos integrante do grupo de trabalho não está comparecendo às reuniões e, consequentemente, não está realizando sua parte do trabalho. O que você faz? O outro exame é o de Analyse et raisonnement déductif. Nessa prova é dado um texto legal fictício e devemos responder algumas perguntas sobre ele. Mas, não pense que vai ser necessário ter conhecimento da legislação. Na verdade é mais uma interpretação de texto. Nessa mesma prova tem questões para colocar na ordem correta as etapas para realizar uma tarefa e o ultimo tipo de questão é para traduzir em equação um problema enunciado - e, confesso, isso para mim é algo totalmente impossível de se fazer. Como quase toda pessoa que escolheu direito eu nunca fui muito boa em matemática.

Enfim, os tipos de prova variam para cada concurso, mas no site Carrières tem exemplos das questões para vários tipos de provas. Aconselho a dar uma olhadinha nele.

Outro detalhe importante é que se, no ano anterior, você já prestou uma das provas necessárias para o concurso, você não terá que fazê-la novamente. Sua nota será aproveitada. Por exemplo, eu me inscrevi para os concursos de agente de recherche e de agente de relations du travail ao mesmo tempo. Quando recebi as cartas de admissão para as provas fui informada que deveria fazer duas provas para o concurso para o cargo de agente de relations du travail, mas que só precisaria fazer uma das provas para o de agente de recherche já que os dois concursos pediam a prova habilités professionnelles. Logo, eu não teria que fazer duas vezes a mesma prova. Eu faria apenas para um concurso e a nota aproveitaria para os dois. Do mesmo modo, se eu me inscrever em um concurso que demandasse a prova habilétés professionnelles no próximo ano também não precisarei fazê-la. Assim, pode acontecer de se inscrever em um concurso e em vez de receber uma carta com as informações sobre a realização das provas, o candidato já receba a carta dizendo que passou no mesmo.


Mais algumas informações:

- as provas são em francês e acredito que não é possível fazê-las em inglês.
- Alguns concursos podem requerer a realização de uma prova pratica ou oral. Como nunca foi o caso dos concursos que fiz, não tenho como comentá-las. Mas, fica a informação.

***

No próximo post desta série falarei do dia da prova.


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Passo-a-passo do concurso para o governo do Québec: inscrição

Atendendo a pedidos hoje vou falar um pouco sobre o processo de seleção dos concursos públicos da província de Québec. Notem que vou tratar unicamente do Québec e que as outras províncias, assim como o governo federal, têm seus próprios sistemas de seleção.

***

O primeiro passo para aqueles que pretendem prestar um concurso publico aqui é pedir a equivalência de seu diploma no MICC. O processo é bastante simples mas, caso não haja nenhuma causa de tratamento prioritário, pode ser bem demorado. O meu levou exatos 6 meses.

A equivalência é imprescindível para ser aceita em um emprego publico. No entanto, é possível fazer a inscrição ao concurso com a comprovação de que esta já foi solicitada. Foi o que eu fiz em minha primeira inscrição.

Em seguida deve-se ficar de olho nos sites Carrières e Revenu Québec onde os appels de candidature (equivalente a nosso edital) são divulgados. Quando surgir algum que se encaixe em sua formação é hora de se inscrever. 

Mas, uma dica: caso você não tenha bem certeza que tenha os requisitos* pedidos se inscreva assim mesmo. É de graça. Na pior das hipóteses você recebera uma cartinha dizendo que infelizmente você não preenche os requisitos para o concurso em questão.

A inscrição normalmente se faz de duas maneiras: ela pode ser online ou em papel. Na inscrição online você clica no link indicado no appel de candidature, preenche o que eles pedem e clica em envoyer. Feito. Agora é só seguir as instruções para saber quando e de que forma você vai saber se foi aceito para fazer a prova. No entanto, muitos concursos ainda não tem a possibilidade de inscrição online. Nesse caso é necessário preencher o formulário indicado e envia-lo por fax ou correios, ou ainda deixando-o no endereço indicado. Na maioria dos casos eles pedem para anexar alguns documentos como a carta de residente permanente e a equivalência de diplomas. E só. Tudo muito simples.

Depois disso é esperar. Um dia - que pode ser em alguns dias ou semanas - você vai ser informado se foi aceito para fazer a prova. Normalmente é nessa mesma oportunidade que você recebe as coordenadas do local da prova, o dia e horário e os tipos de prova que serão realizadas.

Em um próximo post falarei sobre a prova e os resultados.

***

* Muitas vezes um diploma pode ser substituído por X anos de experiência, ou vice-versa. Ou então são admitidos os diplomas X, Y, Z ou outra formação pertinente. Então muitas vezes é um pouco confuso saber se você se enquadra ou não.

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Detalhes sobre meu trabalho como funcionária pública

Ao comentar meu ultimo post a "apoema" me perguntou como era trabalhar no governo do Québec. Como faz pouco tempo que estou no Revenu Québec eu vou falar um pouco sobre o que eu fazia no meu primeiro emprego publico, como agente de rentes da CARRA.

***

A CARRA (Commission Administrative des Regimes de Retraite et d'assurance) é o órgão público que administra os regimes de aposentadoria do funcionalismo público do Québec. Aqui existem diversos regimes de aposentadoria para o governo, sendo que os mais importantes são o RREGOP e o RRPE, o primeiro para o funcionalismo (fonctionnaires e professionnels) e o segundo para os gestores (gestionnaires). Para maiores informações eu aconselho ler o site da CARRA.

Eu trabalhava no service de rachats que é o departamento responsável pela "compra" de tempo de contribuição. Explicando melhor: assim como no Brasil, para se aposentar o que conta é o tempo de contribuição e não tempo de serviço). Acontece que em algumas ocasiões de nossa vida profissional, apesar de estarmos oficialmente em um emprego, nao contribuímos para a previdência. Isso pode acontecer, por exemplo, durante uma licença não remunerada e uma licença maternidade ou ainda quando a pessoa tinha um contrato como estagiário ou estudante. Assim, em algumas situações a lei permite que você pague a contribuição correspondente a esses períodos e assim conte esse tempo para efeito de aposentadoria.

Enfim, o que eu fazia era analisar se a pessoa tinha direito a efetuar esse "rachat".

***

Normalmente os novos funcionários do departamento têm uma formação que dura de 1 a 3 meses. E nesse período não fazem nada além de assistir aula onde vão aprender a base do sistema de aposentadoria e o tratamento dos pedidos de rachat.

Acontece que eu fui a unica a ser contratada naquele período (fim de novembro de 2011) e eles não iriam colocar uma pessoa para me formar por tanto tempo. Então minha formação foi, digamos, mais informal. Para ser mais clara: minha chefe de equipe me mostrou o trabalho por exatos 1 dia e meio. E depois fui me virando.

Claro que eu poderia continuar tirar dúvidas com ela ou meus colegas, mas não era o mesmo que ter alguém 7 horas por dia com você como é o que aconteceu com meus outros colegas de trabalho. E, posteriormente, fui tendo acesso a algumas formações "avulsas" sobre aposentadoria, o sistema que usávamos, etc.

Basicamente, meu trabalho era feito no computador. Um outro departamento recebia os formulários com os pedidos, digitalizava-os, alimentava o sistema e solicitavam documentos que faltassem.  Ao receber um pedido eu tinha que analisa-lo e determinar se o funcionário tinha ou não direito ao que pedia. A analise podia ser um pouco demorada porque eu tinha que verificar muitos detalhes para saber se o pedido podia ser aceito. Mas, eu não tinha que redigir uma decisão fundamentada. Afinal, era uma cargo administrativo e não jurídico.

***

Trabalhei 4 meses (ou um inverno) na CARRA. E posso dizer que gostava de meu trabalho. Era algo tranquilo de se fazer apesar de ter muitas particularidades, o que não o tornava monótono. Gostava, sobretudo, das pessoas com quem trabalhei, que me acolheram super bem e com quem ainda tenho contato. Por fim, e não menos importante, amava a localização do escritório, ao lado da rue Cartier e a 20mn de minha casa.

Eu não teria saído de lá por um outro cargo administrativo. Sai porque surgiu a oportunidade perfeita com um cargo em minha área de formação no Revenu Québec. Mas, trabalhar na CARRA foi uma ótima experiência - por mais que a fama do órgão não seja das melhores. E, de quebra, ainda aprendi muito sobre o sistema de aposentadoria do funcionalismo público, algo que vai ser muito útil na minha vida pessoal. 

***

Eu acredito piamente que para quem é de uma área como a de direito e pretende seguir uma carreira no funcionalismo público uma boa maneira de começar enquanto não é chamado para um cargo profissional (nível universitário) é de aceitar um cargo de funcionário (nível de segundo grau ou técnico). Acredito que é bem mais fácil ser selecionado - sobretudo por conta da língua - e uma vez la dentro várias portas podem se abrir, seja no mesmo órgão ou em outro. E vários québecois que conheci são de mesma opinião. 

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Novo emprego: trabalhando com direito no governo do Québec

E, depois de 1 ano e 11 meses em Québec, comecei a trabalhar na minha área: direito.

***

Tudo começou quando poucos dias depois de chegar à Québec fui à semana de recepção do MICC e ao final fui orientada a fazer concurso publico. Para mim foi uma surpresa porque primeiro eu nem imaginava que eu pudesse fazer concurso publico aqui e segundo eu nunca imaginei que passaria em um concurso publico em direito, pois minha ideia de concurso é o modelo com provas de conhecimento especifico sobre a área.

Mas, segui a orientação do MICC. Pesquisei e vi que o sistema de concurso aqui é bem diferente daquele que existe no Brasil e que poderia dar certo.

E assim, em novembro de 2010 me inscrevi no meu primeiro concurso público no Québec. Como já contei aqui foi esse concurso que me levou ao meu primeiro emprego no governo do Québec, mais precisamente na CARRA onde comecei a trabalhar em novembro de 2011.

Acontece que nesse último ano continuei a me inscrever em concursos, dentre eles o concurso para agente de recherche do Revenu Québec (Receita Federal do Québec). Me inscrevi em outubro, fiz a prova em novembro, recebi o resultado em dezembro e graças à ajuda de varias pessoas (que não posso deixar de agradecer mais uma vez) acabei sendo chamada para a entrevista no dia 17 de fevereiro de 2012. Poucos dias depois fiz uma segunda entrevista e nessa ocasião tive praticamente a confirmação de minha aprovação para a vaga. Faltava apenas verificarem meus antecedentes criminais e minhas referências profissionais (Sim, ligaram para meu chefe na CARRA, onde eu estava trabalhando na época! Momento muito tenso, não vou negar). Mas, finalmente no dia 13 de março eu soube que a vaga era minha e que eu começaria no dia 2 de abril.

E assim comecei a trabalhar como agente d'opposition no Revenu Québec. Meu trabalho consiste em decidir os recursos administrativos interpostos pelos contribuintes - no meu caso pessoa física. Então voltei a  ler códigos interpretados, procurar jurisprudências, analisar documentos e redigir  - dessa vez decisões e não pedidos. Descobri que esses atos estavam gravados em mim afinal dez anos de profissão não se esquece fácil. Mesmo sendo uma legislação diferente e tendo que redigir em uma outra língua a sensação de familiaridade, de estar fazendo o que eu sei fazer, é enorme. E, posso dizer que, independente do que venha a acontecer em minha vida daqui para frente, está sendo uma experiência profissional incrível.



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E o inverno? (parte 3)


Em posts anteriores eu já falei sobre como eu acho que devemos encarar o inverno e sobre o que é importante ter no nosso guarda-roupa. Mas, acho que uma questão que quem nunca viu neve se faz é o quanto o inverno atrapalha (ou não) nosso dia a dia em Québec.




Transporte

Nesse quesito o impacto do inverno depende muito se se tem um carro ou utiliza ônibus, se mora perto ou longe do trabalho, etc. 

No meu caso eu não tenho carro então não tenho que me preocupar em tirar neve do carro, desenterrar o carro da neve, aprender a dirigir na neve, etc. Apesar de muita gente ter carro sem garagem coberta (ou local para montar o abrigo) eu imagino que não deve ser nada prazeroso ter que desenterrar o carro depois de uma tempestade de neve. Assim, acho que uma garagem coberta é uma alegria nesse momento do ano. Quanto a dirigir no inverno eu não tenho ideia de como é pois até agora não tive coragem de tentar. Mas, tenciono fazer uma aula de auto-escola no primeiro inverno que eu tiver um carro para chamar de meu.

Update: acabo de lembrar de algo. Pelo que pude notar, o pior de dirigir no inverno são os dias de pluie verglaçante, ou chuva congelante. Ou seja, não é neve. É uma chuva que congela quando toca no solo (ou qualquer outra superfície) deixando a estrada tao escorregadia quanto uma pista de patinação.

Como eu utilizo ônibus e raramente saio da parte alta da cidade (fico na linha do 800-801 90% da minha vida) sinto pouco impacto do inverno, pois mesmo quando ha uma tempestade e considerando a frequencia do metrobus raramente o ônibus atrasa muito. No entanto, quando eu dependia da linha 16 eu já fiquei 1 hora esperando o ônibus no frio por conta de uma tempestade de neve que o atrasou.




Calçadas


No inverno, ande como um pinguim. Essa é a melhor dica que posso dar, sobretudo nos dias em que uma camada de gelo se forma na calçada, seja pela chuva congelante ou pelo efeito derrete-congela que torna a calçada uma bela pista de patinação. Outra dica: Se a calçada brilhar ande mais devagar. Provavelmente é o reflexo do sol no gelo transparente que a cobre. Por outro lado, se estiver branquinha de neve é relativamente seguro. Salvo se tiver uma camada de gelo embaixo de uma fina camada de neve.

Resumindo: Todo cuidado é pouco.

No meu primeiro inverno em Québec eu quase passei ilesa. Só  tive uma queda, quase no fim do inverno, mais precisamente no meio de março. Esse ano a coisa está pior, acredito que pelo clima mais ameno e mais propenso a chuva congelante e ao efeito derrete-congela. Ja cai duas vezes, a ultima hoje mesmo.


Extremidades congeladas

Ja se sentiu congelando? Eu já. E posso garantir: não é nada agradável. Normalmente, se você usa as roupas adequadas não terá problemas com isso. Só  não faça como eu. Não resolva ir tirar fotos no parque quando faz -18 graus com pouca roupa de inverno só porque depois você vai ao shopping e não quer ficar carregando um casaco pesado la dentro. Também não aconselho a ficar falando ao celular no exterior, sem luva, com um frio de -15 graus por mais de 2mn.

Mas, se mesmo usando a roupa adequada e as luvas você ainda sentir o corpo congelando aconselho a comprar uns pacotes de Toes Warmer no dollarama ou no ebay.

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E o inverno? (parte 2)

Vestida para a guerra!

Além de um estoque de vitamina D é preciso ter as roupas adequadas para enfrentar o inverno se medo. Na minha opinião, o que deve ser comprado depende de vários fatores, sobretudo se a pessoa vai ter carro ou não, se é to tipo que faz longas caminhadas no parque mesmo quando está fazendo -20o c, etc.

No meu caso - que não tenho carro e ainda por cima gosto de passear mesmo no inverno - eu investi em um bom casaco. Depois de muita pesquisa comprei um North Face Artic Parka. Escolhi esse casaco primeiro porque o North Face tem  a reputação de aguentar o tranco. Depois levei em consideração que eu queria um casaco longo (na altura dos joelhos) e com pelinho no capuz. Também contou em seu favor a percentagem de duvet (que é o que esquenta) e o fato dele ter um sistema que repele o vento (que é o que mata aqui). Posso dizer que esse casaco esquenta! E esquenta tanto que acabei comprando um outro casaco, curto, para usar em dias menos frios. Assim o north face só entra em ação nos dias de extremo frio (máxima abaixo de -10o c), durante uma tempestade de neve com muito vento ou quando prevejo passar muito tempo no exterior. Porque se eu sair com ele quando faz -5o c é pedir para passar calor. Outra coisa que me faz não usá-lo algumas vezes é que ele é bem pesado. Então é um saco carregá-lo no shopping (impossível permanecer com ele vestido em ambiente fechado a não ser que eu queira cozinhar).

Meu outro casaco é curto e comprei na guess durante a promoção do ano passado. Adoro ele. É bem mais leve que o outro e gosto de como ele veste. Uso ele entre -10oc e 15o c. Acima disso ele começa a ficar muito quente então passo para meus casacos de verão. :o)

Dia não muito frio.


Outro item indispensável para encarar o clima polar canadense é uma boa bota de inverno. Eu comprei uma bota da Columbia, mas, sinceramente ou meu pé tem um problema ou a bota tem. Porque tem dias que ela cumpre seu papel, mas em outras ocasiões dá a impressão que meu pé vai congelar. E é totalmente aleatório. Nem sempre é porque está mais frio ou porque fico mais tempo no exterior. Já tentei também mudar o tipo de meia e não achei a solução. Então não recomendo muito a bota não. No próximo inverno comprarei uma outra e espero ter mais sorte.

Também tenho uma calça de neve que uso muito raramente. Leia-se: usei três vezes em 1 ano e oito meses de Canadá. Uma vez para esquiar, outra para ir ao Valcartier fazer glissade e uma terceira para ir à fête des neiges. Eu não costumo ter frio nas pernas então eu só uso mesmo quando corro o risco de praticar algum esporte de inverno e, consequentemente, cair na neve.

Fora isso meu kit inverno ainda tem meia-calças, luvas (uma fina para o outono, uma mitaine para o inverno e uma luva impermeável para a neve), gorros, cache cou (para os dias mais frios) e muitos, muitos cachecóis (tenho uma pequena mania por cachecóis). Esses acessórios eu costumo comprar na Aubanerie. Também tenho coisas da Old Navy e da Century XXI.

Para complementar acho que só faltou dizer que os casacos cumprem tão bem seu papel que normalmente por baixo dele eu uso uma roupa normal que usaria até mesmo em João Pessoa. Minhas blusas de lã ficaram obsoletas e raramente as uso, pois uma vez no ambiente fechado (trabalho, shopping, curso...) faria muito calor com elas.

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E o inverno? (Parte 1)

Tirolesa: eu fui!


Quando se pensa em Canadá, acho que uma das primeiras imagens que vem à mente é a do frio intenso e montanhas de neve. Mas, como é viver no frio?

Esse é meu segundo inverno no Canada e pude constatar o que já haviam me dito: nenhum inverno é igual ao outro. Esse ano está tudo mais light. Estamos no fim de janeiro e ainda não bati meu record do ano passado (-43o c), só tivemos umas 3 tempestades (e fraquinhas) e tivemos pluie verglaçante e temperaturas positivas essa semana.

Mas, mesmo assim o inverno ainda é frio. Muito frio para os padrões brasileiro e mesmo europeu.  E é preciso uma certa preparação para enfrentá-lo.

Primeiro acho importante se preparar psicologicamente. Não adianta passar o ano todo dizendo que odeia o inverno e resolver morar no Canadá. Se fizer isso você vai perder o verão se lamentando por algo que ainda não chegou e quando o inverno chegar as chances de ficar deprimido são bem maiores. É preciso aproveitar o que há de melhor em cada estação. O inverno aqui vai chegar. É fato. Então aproveite para fazer bonecos de neve, ir no valcatier, conhecer o carnaval de Québec, descobrir o Igloo Fest, ou, simplesmente, tomar uma xícara de chocolate quente vendo a neve cair. Aproveite, entre no clima - literalmente - e você verá que o inverno também tem seus encantos.

Vai uma tire d'érable?


Além da mente o corpo tem que ser cuidado. Para mim o pior mês do inverno nem é inverno ainda. É em de novembro e no começo de dezembro que eu me sinto pior. Isso porque é nesse período que a luz solar diminui. O dia amanhece as 7h e as 15h30 o sol já está se pondo. Então durante a semana, enquanto trabalho, só vejo o sol durante uns 15 minutos por dia, porque o resto do tempo estou dentro de um escritório. E o corpo reclama da falta de sol. É impressionante! Eu começo a me sentir cansada, a detestar e xingar o inverno (sim, eu faço isso), etc. Para mim a vitamina D funciona bem. Quando começo a notar esses sintomas eu tomo logo meu comprimidinho e melhoro. Então meu conselho é: tenha sempre um frasco de vitamina D em casa!

***

Continua...

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Nostalgia gastronômica



Quando nos mudamos de pais sempre sentimos falta de alguma comida de nossa terra. Coisas que, na minha opinião não são melhores nem piores do que o que encontramos em nossa nova pátria, mas nos são familiares, reconfortantes.

***

Essa semana ao ler em algum lugar que o queijo la vache qui rit era igual ao polenguinho brasileiro me lembrei de uma coisa:

Como eu já comentei no começo do blog eu morei dos 13 aos 17 anos na França. Foi lá que conheci várias comidinhas das quais até hoje eu sinto essa nostalgia gastronômica ou que passaram a fazer parte de meu dia a dia, como o nutella. E foi lá que experimentei pela primeira vez o queijinho da vache qui rit, que passou a fazer parte de nosso dia a dia francês.

Aos 17 anos, ao voltar ao Brasil, comi pela primeira vez um polenguinho. Minha reação? Foi acha-lo igualzinho ao vache qui rit. E passei comer o polenguinho quando batia aquela nostalgiazinha, aquela vontade de comer o queijo de minha infância que era o da vache qui rit.

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