Imigrando com cães - Parte II: American Airlines, uma péssima escolha

Pelo título do post já da para ter uma idéia que tive problemas com a emprea, né? Mas, eu já deveria ter previsto que escolher essa empresa ia me causar algum tipo de problema, já que no ano passado eu já havia me estressado com ela.

Eu acabei escolhendo ela porque era o trajeto mais curto de vôo para meus cães. Sairiamos de Recife às 10h45 e chegariamos em Montréal à meia-noite, com apenas uma escala em Miami. Ou seja, 13 horas no lugar de mais de 24 horas com outras companhias. Parecia uma escolha simples. Mas, se revelou, uma péssima escolha.

***
Mas, comecemos pelo começo. No dia 27 de julho saimos de João Pessoa, de táxi, às 5 horas da manhã e mais ou menos às 7 horas estavamos no aeroporto de Recife (momento tenso aconteceu uma semana antes quando as fortes chuvas danificaram uma ponte na BR 101 fazendo a viagem até Recife durar 5 horas e não 2 horas como de costume - mas graças a Deus tudo foi regularizado até o dia de nossa viagem).

Chegando no aeroporto ficamos esperando o Ministério da Agricultura abrir às 8h e, enquanto, isso recebendo reclamações dos seguranças que queriam porque queriam que os cães ficassem 100% do tempo nas caixas ou no colo.

Como eu havia dito no post anterior eu peguei o CZI dos cães no Ministério da Agricultura de Recife às 8h30 e me dirigi ao guichet da American Airlines. A fila já estava imensa então falei com um funcionário que eu estaria fazendo o check-in com dois cães e perguntei se eu aguardava na fila ou eles iriam me atender logo, por ser um procedimento mais demorado. O funcionário me mandou esperar na fila pois iria dar tempo de fazer meu check-in.

E assim ficamos, na fila, com os cães confinados nas caixas ou no colo (no chão só era permitido no exterior do aeroporto) por uma hora. Quando finalmente chega minha vez eu escuto:

"Não poderemos fazer seu check-in porque a temperatura prevista para Miami está superior a 85ºF (29,44ºc)".

Como assim minha senhora? Meu primeir reflexo foi saber quantos graus estava lá. 40ºc, 50ºc? Não, estava previsto fazer 90ºF (32,2ºc). Ok, ok, eu assino um termo de responsabilidade afinal a temperatura não está nada absurdo para animais que nasceram e se criaram em João Pessoa, acostumados a calor muito maior, acostumados a ir ao Pet Shop para a tosa numa van sem ar condicionado toda semana onde com certeza fazia mais calor que isso. Além do que minha irmã cansou de levar e trazer a cachorra dela de Brasilia a João Pessoa, de avião, com temperaturas dessa ordem ou maior.

E, pior, segundo eles, eu não poderia assinar termo de responsabilidade. Eu poderia se estivesse no inverno, com trocentos graus negativos, mas não se estivesse acima de 29,44ºc.

Implorei, chorei, ameacei. A supervisora do check-in, uma pessoa que não deveria nunca trabalhar com o público de tão grossa que é, não cedia em nada. Queria, simplesmente, que eu fosse todos os dias ver se por um milagre do divino Espirito Santo iria fazer menos de 29,44ºc em Miami, no verão, às 18h. Acho que seria o mesmo que esperar que fizesse 10ºc em Janeiro em Québec.

Vendo que ela não iria resolver nada (ela simplesmente me ignorava! Até virar a cara ela virou!) eu pedi para falar com a superior dela. Primeiro negou haver alguém superior a ela (ela deve ser Deus, né?) e depois se recusou a chamar a pessoa ou me colocar em contato por telefone. Nesse momento quase todo mundo já havia feito o check-in, eu já estava dando escândalo e vários passageiros estavam solidários comigo. Ah, tenho a dizer que o problema era essa supervisora porque os atendentes do check-in me pareceram não concordar com ela. Ah, tem mais uma, soube que desde o momento que eu avisei que estava na fila ela já tinha dado ordem a todo o check-in de não me embarcar com os cães e me deixou uma hora esperando na fila a toa.

Enfim, depois de meio mundo de confusão (eu não arredei o pé do guichet do check-in) finalmente a chefe da supervisora chegou. Era a gerente da AA do aeroporto de Recife. Essa, apesar de mais educada, insistia que eu não poderia embarcar por conta da temperatura. Dizia que na semana anterior tinha embarcado com temperatura de 87ºF (30,5ºc), mas não poderia fazer com 90ºF (32,2ºC). Nesse momento minha irmã abre o site do weather channel no celular e a previsão para Miami no horário de nosso desembarque estava de 88ºF (31,1ºc). Uma diferença de 0,6ºC da temperatura que ela disse que embarcava.

Mas, mesmo assim o embarque não foi autorizado, pois segundo ela no site que eles usam a previsão era de 89ºF (ué, não era 90ºF?), ou seja, 31,6ºc. UM grau de diferença do que ela permitiria.

Quem me conhece sabe o quanto amo meus cães (tanto que estou trazendo eles, né?) e o quanto me preocupo com a saúde deles (nem queiram saber o quanto gasto de veterinário). Eu nunca colocaria a vida deles em risco. Eu nunca pediria e insistiria para embarcá-los se eu achasse que eles correriam qualquer perigo que fosse. Se a previsão fosse de 35ºc, 40ºc, 50ºc... ou se eles fossem cães que não fossem acostumados com calor eu nunca pediria para que fossem embarcados. Mas, sinceramente, não acho que tenha diferença entre 30,5ºc e 31,6ºc, temperatura essa que eles pegariam apenas do percurso do avião até o saguão do aeroporto.

Enfim, depois de muito insistir, chorar e implorar a gerente resolveu mudar nosso itinerário. Fariamos Recife-Rio-NY-Montréal. No lugar de chegar em Montréal a meia-noite chegariamos às 11h da manhã. No lugar de fazer uma conexão, fariamos duas. Onde, meu Deus, isso é melhor para meus cães do que pegar 1ºC a mais na temperatura durante um trajeto do avião ao aeroporto (coisa rápida, pelo que pude notar durante a viagem)?

Mas, era isso ou ir todos os dias ao aeroporto verificar a temperatura de Miami. Resolvi mudar o itinerário (o mesmo que me fez não ter escolhido companhias aereas de melhor qualidade, pois eu queria poupar os cães de uma longa viagem).

Nos próximos posts falarei da viagem propriamente dita. Uma maratona. 

Obrigado American Airlines por ter tornado uma viagem cansativa e estressante ainda mais cansativa e estressante.


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A temperatura de fato em Miami no momento do pouso do nosso vôo foi de 86ºF, segundo fontes oficiais, ou seja, menos do que os 87ºF que a gerente disse que embarcaria os animais.

Acho que se a American Airlines não embarca animais com temperaturas superiores a 29,4ºc deveriam fazer um embargo de verão, assim como a Air Canada faz, porque é muito dificil ter um previsão de temperatura inferior a isso para Miami no mês de julho.


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Imigrando com cães - Parte I: Preparativos

Meu projeto inicial era vir morar no Canadá e poucas semanas depois, já com apartamento alugado e montado, trazer meus dois cães (Merlim e Lancelote, poodles). Infelizmente, por motivos alheios à minha vontade eles não puderam vir em 2010. Mas, em julho eu finalmente pude trazê-los.

Não vou dizer que fazer uma viagem tão longa com dois cães é bolinho. Não é. Mas, apesar de tudo, vale muito a pena tê-los aqui comigo, finalmente.

Como eu disse eu trouxe dois cães, idosos, de João Pessoa para Québec. Para tanto tive a ajuda de minha irmã que veio passar uns meses comigo. Sem ela eu não sei se teria dado conta de fazer essa viagem com 2 cães e 1 mala.

Meus primeiros passos nessa jornada foram:

- Fazer um check-up completo nos cães, incluindo exame sanguineo, raio-x do tórax, ultrassom e eletrocardiograma. Vale dizer que meu caso é especial pois são cães idosos, de 13 e 15 anos, já com alguns problemas de saúde.

- Escolher o trajeto menos estressante para eles, ou seja, o mais curto. No meu caso era o vôo Recife-Miami-Montréal operado pela American Airlines. Nesse vôo eu sairia de Recife as 10h45 e chegaria em Montréal 13 horas depois. Programei ir de João Pessoa à Recife (120km) de taxi e ao chegar em Montréal dormir em um hotel pet friendly perto do aeroporto e pegar a estrada no dia seguinte, já bem descansada.
Enfim, com tudo organizado fui ao Brasil curtir às férias com a família e providenciar os documentos necessários para a viagem dos cães:

- Atestado veterinário: necessário para tirar o CZI que é o documento que realmente importa na viagem. Fui ao veterinário que já acompanha os cães e ele me forneceu, assim como atestado de vacinação.

- CZI: Esse documento, de acordo com a lei, deve ser emitido no Ministério da Agricultura do local de saída do país, podendo ser emitido em outro local caso seja o ponto de origem do seu vôo. Por exemplo, se meu vôo fosse João Pessoa/Recife/Miami eu poderia tirar o CZI em João Pessoa mesmo não sendo a cidade de saída de meu vôo internacional. Como eu faria o percurso João Pessoa/Recife de carro eu deveria tirar o CZI em Recife, teoricamente.

No entanto liguei para a American Airlines e para os Ministérios da Agricultura de João Pessoa e de Recife e todos me disseram que eu poderia tirar o documento em João Pessoa. Como meu vôo saia muito cedo de Recife resolvi tirar o documento em João Pessoa para prevenir, mas como eu sou desconfiada e a lei diz que teria que ser em Recife eu também tirei o CZI no aeroporto de Recife antes de embarcar. Aconselho quem for viajar telefonar para o posto do Ministério da Agricultura responsável pela emissão de seu CZI para confirmar o horário de atendimento. Em Recife o posto do aeroporto abria às 8 horas e  emissão do documento levou meia-hora. Os documentos necessários são o atestado veterinário (atenção que este tem um prazo de validade. Se não me engano é de até 72 horas antes) e a carteirinha de vacinação contra raiva em dia.

No próximo post eu irei começar a relatar a viagem propriamente dita que foi cheia de imprevistos e contratempos.


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