Quando eu tinha pouco mais de 11 anos de idade minha mãe disse que poderiamos ir morar na França onde ela pretendia fazer um doutorado por quatro anos. Contrariando todas as regras dos pré-pré-pré-adolescentes amei a idéia de mudar de país e passei os meses seguintes lendo e relendo um desses livretos de francês para viajantes e sonhando com aquela aventura.
.........
Mudar de país sem se preocupar como obter os vistos, comprar passagens, escolher a primeira morada ou se é melhor levar o dinheiro em espécie ou traveller check. Tem coisa melhor?
Assim foi a minha mudança para a França, aos 13 anos de idade, na qualidade de filha de uma doutoranda. Todo o trabalho duro ficou para os adultos e quando cheguei em Toulouse, quase um mês depois de minha mãe, a casa estava montada e meu primeiro pijama de flanela me esperava em cima da cama.
Mamãe, ao contrário de muitos brasileiros na França, resolveu que não iríamos "acampar" por 4 anos, mas sim ter um verdadeiro lar. Nada de colchonetes no chão de um microscópico apartamento em um bairro afastado. Levamos baixelas, quadros e outros objetos de arte que foram instalados em um novíssimo apartamento ao lado do Jardin Japonais. Com certeza chegar em um lar aconchegante foi muito importante em minha adaptação, como criança/adolescente, em um novo país.
Uma semana após nossa chegada comecei a estudar na escola do bairro, em uma classe que só contava com franceses nativos. Graças a uma "Principale" compreensiva com meus tropeços lingüísticos e a três meses de aula diária por meio período em um curso intensivo na Aliança Francesa consegui acompanhar a turma e passar de ano mesmo sem ter feito 99% dos exames anuais.
Em pouco tempo uma rotina se estabeleceu fazendo com que aquela cidade no sul da França se tornasse um pouco minha cidade natal.
Em pouco tempo uma rotina se estabeleceu fazendo com que aquela cidade no sul da França se tornasse um pouco minha cidade natal.
Ao final desses quatro anos voltamos para o Brasil. Decididamente, a pré-pré-pré-adolescente que lia o livreto de francês incansavelmente tinha toda razão: não tem nada melhor do que conhecer o mundo.
0 Response to "Primeira parada: França, “a mordomia”"
Postar um comentário